Diante de um grupo de políticos, religiosos e
artistas, que lotaram no dia 26 de julho de 2013 o Theatro Municipal do Rio, no
centro da cidade, o papa Francisco fez um discurso em espanhol em que destacou
a importância do "diálogo construtivo" das lideranças com a
sociedade. Ele também cobrou "responsabilidade social" das
autoridades.
"Entre a indiferença egoísta e o
protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo. O diálogo entre as
gerações, o diálogo com o povo, a capacidade de dar e receber, permanecendo
aberto à verdade", afirmou o pontífice.
"Um país cresce quando dialogam de modo
construtivo as suas diversas riquezas culturais: cultura popular, cultura
universitária, cultura juvenil, cultura artística e tecnológica, cultura econômica
e cultura familiar e cultura da mídia".
Francisco ressaltou ainda que "é
impossível imaginar um futuro para a sociedade, sem uma vigorosa contribuição
das energias morais numa democracia que evite o risco de ficar fechada na pura
lógica da representação dos interesses constituídos."
"Quando os líderes dos diferentes
setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo,
diálogo e diálogo (...) Hoje ou se aposta na cultura do encontro, ou todos
perdem", disse.
O papa também lamentou que o "sentido
ético" apareça, atualmente, "como um desafio histórico sem
precedentes" e cobrou responsabilidade social das autoridades.
"Somos responsáveis pela formação das
novas gerações, capacitadas na economia e na política, e firmes nos valores éticos.
O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que
realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e
erradicando a pobreza (...) os gritos por justiça continuam ainda hoje",
afirmou.
O pontífice lembrou ainda da
"originalidade dinâmica" da cultura brasileira, segundo ele,
importante para "integrar elementos diversos".
Durante a cerimônia, o papa recebeu de um
índio pataxó um cocar feito com penas de garça e arara. Inesperadamente, ele
colocou o objeto na cabeça imediatamente.
Tom político
Em sua visita ao Brasil para a Jornada
Mundial da Juventude (JMJ), maior evento direcionado a jovens católicos,
Francisco vem surpreendendo ao fazer pronunciamentos de cunho religioso, mas
com teor político.
Quando foi à favela de Varginha, no dia 25 de
julho, ele criticou as desigualdades sociais e cobrou que a população
continuasse lutando por um mundo "mais justo e mais solidário". Na
ocasião, ele fez um apelo às autoridades públicas.
"Queria lançar um apelo a todos os que
possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa
vontade comprometidas com a justiça social", afirmou ele durante a visita.
O papa também falou duramente contra a
descriminalização das drogas, descrevendo os traficantes como "mercadores
da morte". A declaração foi feita após inaugurar uma ala para o tratamento
de dependentes químicos em um hospital na zona norte do Rio, no dia 24.
Peregrinação
Do Theatro Municipal, o papa seguiu para um
almoço com cardeais brasileiros e outros religiosos no Centro de Estudos
Universitários do Sumaré, onde está hospedado.
Mais tarde, às 19h30, ele participou, de
acordo com sua agenda oficial, de uma vigília com os jovens na praia de
Copacabana.
O evento estava inicialmente previsto para
acontecer no Campus Fidei, em Guaratiba, zona oeste do Rio, mas acabou
transferido para a orla devido às fortes chuvas que atingiram o Rio desde o dia
23.
A área aberta, de mais de um milhão de metros
quadrados, divididos em 22 lotes, cada um equivalente a sete campos de futebol
do Maracanã, virou um lamaçal por causa do mau tempo.
A mudança teve um impacto logístico. A
peregrinação, tradicional na Jornada Mundial da Juventude e que seria de 13
quilômetros, teve de ser alterada.
A nova caminhada parte da Central do Brasil,
no centro da cidade, até Copacabana - atingindo uma distância total de 9,5
quilômetros.
Desde o início da manhã de ontem (27/07/13),
milhares de fiéis estão percorrendo o trajeto. Para facilitar o deslocamento
dos peregrinos, a Prefeitura do Rio montou um esquema de trânsito especial, com
a interdição de ruas e de avenidas.
FONTE
BBC Brasil
Luís Guilherme Barrucho
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