segunda-feira, janeiro 03, 2011

A esfinge Thiago Peixoto

A esfinge Thiago Peixoto
Por vias indiretas, o secretário da Educação pode representar a renovação do PMDB, se tornar o herdeiro político de Marconi Perillo e acabar com a política do ódio entre peemedebistas e tucanos? Talvez
Fotos: Jornal Opção
Thiago Peixoto, secretário da Educação: a sociedade estará de
“olho” muito mais nos seus resultados do que nos discursos
extemporâneos sobre sua carreira política
“APrática da História” (José Olympio Editora, 231 páginas, tradução de Waltensir Dutra) é um dos mais despretensiosos livros da notável historiadora americana Barbara Wertheim Tuchman, autora dos mais densos “A Marcha da Insensatez” e “Os Canhões de Agosto”. Mesmo assim, recomendamos vivamente aos leitores e, sobretudo, aos políticos a leitura de um ensaio brilhante — “Por que os estadistas não ouvem” — contido naquela obra. São apenas seis páginas de sabedoria altamente concentrada. Não pretendemos discuti-lo e mesmo apresentar todas as suas ideias, mas citamos algumas de suas frases, colhidas quase a esmo num texto tão rico e, assim, inspirador. “A incapacidade de levar em conta a natureza da outra parte tem, com frequência, resultados desastrosos.” “A paixão política é uma boa coisa, mas será ainda melhor se for uma paixão informada.” “Esse desejo de não ouvir as verdades infelizes — ‘Não me confunda com fatos’ — é apenas humano e muito comum entre os chefes de Estado.” Parecem frases de efeito, daquelas que ajudam a embelezar artigos de autores de formação bacharelesca, mas não são. Guardam, em si, profundo conhecimento filosófico e histórico.
Os homens do poder, e não só eles, é claro, mas eles com efeitos mais prejudiciais à sociedade, adquirem, depois de certo tempo, uma espécie de surdez crônica. Avaliam, possivelmente, que viram tantas coisas, que vivenciaram tantas situações diferentes e contraditórias, que sabem tudo e, portanto, não precisam ouvir os auxiliares e, também, a voz dissonante dos adversários, que não raro são vistos como “inimigos”, mesmo na democracia. O político começa a aposentar-se, ou a ser aposentado pelos eleitores, quando fica surdo ao recado do novo que nasce nos escombros do velho, às vezes alimentando-se do velho, ao mesmo tempo que vai se tornando novo. Marconi Perillo foi eleito governador em 1998, como novo, mas aliado a setores conservadores que, nas eleições de 2010, tentaram derrotá-lo. Porque não entenderam que, mesmo tendo ganhado uma eleição, com Alcides Rodrigues, eram o velhíssimo escorado no novo e, deste modo, não tinham condições de sobreviver se rompessem com sua base de sustentação. Alcides parece ter acreditado que seus desejos, de construir uma alternativa a Marconi, eram a realidade dos fatos. Não eram. Eram, isto sim, desejos... irreais. Só seriam reais se, em seus quase cinco anos de governo, tivesse pavimentado uma alternativa sólida e, insistamos, “nova” aos olhos da sociedade. Alcides parece ter acreditado que um edifício não cai sem as pilastras. Ficou com a imagem solidificada de um político que sempre estava no meio do caminho, de que não levava suas ações até o fim e, num tempo de comunicação rápida e transparente, parece ter se escondido e se isolado quatro anos e nove meses no Palácio das Esmeraldas. É, definitivamente, um político que responde mais ao passado do que ao presente. Alcides é, como diria o sociólogo e crítico literário marxista Roberto Schwarz, uma ideia fora do lugar. Seu governo “puxou” Goiás para trás, porque (o Estado) deixou de ser indutor, mas felizmente a economia (a sociedade) “puxou” Goiás para frente.

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